Viajar para o exterior ou comprar em sites internacionais traz a conveniência do cartão de crédito, mas também envolve custos que vão além do valor da compra em si. Entre esses custos, destaca-se o spread cambial, um componente fundamental que pode encarecer significativamente suas despesas em moeda estrangeira. Compreender como ele funciona ajuda a economizar e evitar surpresas na fatura ao retornar de uma viagem.
O spread cambial representa a diferença entre taxas oficiais divulgadas pelo Banco Central e a cotação praticada pela instituição financeira no momento da conversão da compra internacional. Ou seja, além da taxa de câmbio de referência, o banco adiciona uma margem de lucro para cada transação em moeda estrangeira.
Essa prática está presente em todas as operações de cartão de crédito que envolvem câmbio, seja em viagens, compras online ou assinaturas de serviços internacionais. Assim, o cliente paga não só o valor da mercadoria ou serviço, mas também o valor adicional correspondente ao spread.
Para determinar o valor final de cada transação, são considerados dois componentes principais: a cotação oficial e o percentual de spread cobrado pelo banco ou operadora do cartão. A cotação oficial normalmente é a PTAX, obtida junto ao Banco Central, que serve como parâmetro para o mercado.
Por exemplo, se o dólar comercial está em R$ 5,65 e o spread praticado é de 5,30%, a cotação usada para a compra será de R$ 5,65 × 1,053, resultando em R$ 5,949 por dólar. Em seguida, aplica-se o IOF, que acrescenta mais 3,38% sobre esse valor convertido.
O percentual de spread varia bastante de acordo com o banco ou operadora do cartão. Em instituições tradicionais, esse percentual pode atingir até 7% sobre a cotação oficial, enquanto alguns bancos digitais praticam taxas significativamente menores.
Essa disparidade faz com que escolher um cartão adequado ou migrar para uma contas internacionais digitais com spreads menores possa representar economia relevante, chegando a reduzir o custo total em até 70% em comparação a um cartão de crédito convencional.
Além do spread cambial, existem outras tarifas que impactam o valor final em sua fatura. O principal delas é o IOF, imposto federal que incide sobre operações financeiras internacionais.
Em alguns casos, operadoras podem cobrar adicionalmente taxas de serviço ou tarifas específicas por processamento de câmbio, o que reforça a importância de analisar cada detalhe antes de efetuar sua compra.
O efeito combinado do spread cambial e do IOF pode elevar em mais de 11% o custo de uma compra internacional quando realizada com um cartão nacional. Esse acréscimo, embora possa parecer pequeno, tem peso significativo em compras de alto valor ou em viagens longas.
Para ilustrar, uma aquisição de US$ 100 com dólar a R$ 5,65 e spread de 5,3% resulta em aproximadamente R$ 594,90 na fatura. Ao acrescentar o IOF de 3,38%, o valor final sobe para cerca de R$ 615,72, um acréscimo de mais de R$ 60 em relação à cotação oficial inicial.
A cobrança de spread cambial atende a diferentes necessidades das instituições financeiras. Entre elas, destacam-se:
Portanto, ao utilizar o cartão de crédito para compras internacionais, o cliente participa indiretamente desse modelo de negócio que busca equilibrar custos, riscos e margens de lucro das instituições.
Para reduzir o impacto dessas tarifas, consumidores têm buscado outras soluções para pagamentos em moeda estrangeira. Entre as opções mais usadas, estão transferências internacionais via fintechs, compra de moeda em casas de câmbio e abertura de contas internacionais que ofereçam taxas mais competitivas.
Ao comparar, é possível identificar ofertas com simulações considerando todos os custos que apresentem spreads abaixo de 1%, além de IOF mais transparente e tarifas reduzidas.
Para otimizar seus gastos em compras internacionais, siga estas dicas práticas:
Essas ações simples podem reduzir custos e evitar que cobranças inesperadas comprometam seu orçamento.
Compreender o funcionamento do spread cambial no cartão de crédito é essencial para quem realiza compras ou viaja frequentemente ao exterior. Ao conhecer esses custos adicionais e explorar opções que ofereçam maior transparência e economia, é possível tomar decisões mais conscientes e reduzir significativamente o valor final pago em moeda nacional.
Portanto, esteja sempre atento às taxas praticadas, simule custos antes de viajar e escolha a alternativa mais vantajosa para o seu perfil financeiro. Assim, você aproveita suas compras internacionais com tranquilidade, sem surpresas na fatura.
Referências