O parcelamento de compras tornou-se uma prática comum no Brasil. No entanto, muitos consumidores não percebem os riscos que essa facilidade pode representar para a saúde financeira pessoal. Embora dividir o valor em várias prestações pareça vantajoso, é fundamental entender seu funcionamento, identificar riscos e adotar estratégias para evitar o acúmulo excessivo de dívidas.
O parcelamento é oferecido em duas modalidades principais: com juros e sem juros. No primeiro caso, a incidência de encargos pode elevar o valor final da compra de forma significativa. Já o parcelamento sem juros, apesar de parecer inofensivo, pode mascarar o impacto real no orçamento.
Além disso, existem modalidades específicas como o rotativo do cartão de crédito, cuja taxa de juros do crédito rotativo pode ultrapassar 445,66% ao ano, e o parcelamento compulsório de saldos devedores, regulado pelo Banco Central com condições menos adversas.
Quando bem utilizado, o parcelamento pode proporcionar benefícios reais. É possível adquirir bens e serviços sem comprometer o fluxo de caixa imediato, desde que haja planejamento. Comprar um eletrodoméstico sem juros, por exemplo, pode ser uma estratégia para evitar o desembolso à vista e manter reservas financeiras.
Para que isso funcione, é necessário:
Embora atrativo, o parcelamento representa riscos que, muitas vezes, passam despercebidos pelo consumidor. Um dos maiores é o acúmulo de dívidas por impulso, impulsionado pela facilidade de dividir o valor em prestações mínimas.
Outros perigos incluem:
Segundo pesquisa do SPC Brasil, 79% dos consumidores brasileiros costumam parcelar compras e, em média, levam nove meses para quitar todas as parcelas pendentes. Além disso, 46% admitem já ter feito aquisições por impulso devido à facilidade de crédito e compras por impulso, principalmente no meio digital.
Produtos como roupas (32%) e eletrônicos (28%) lideram as vendas parceladas. A percepção de poucos riscos e a sensação de compra imediata com pagamento diluído geram um ciclo de consumo sem reflexão, que pode levar ao endividamento crônico.
No Brasil, 62,3 milhões de consumidores possuem compras parceladas ativas. Destes, cerca de 46% não veem problema em longos prazos de pagamento e chegam a considerar essa condição vantajosa.
Veja abaixo uma síntese das principais estatísticas:
Para prevenir que o parcelamento se transforme em uma armadilha, seguem orientações essenciais:
O parcelamento pode ser um aliado poderoso quando usado de forma consciente, desde que o consumidor mantenha disciplina financeira e planejamento. No entanto, a falta de planejamento e controle financeiro pode transformar essa opção em uma armadilha capaz de comprometer a tranquilidade econômica e gerar um ciclo de dívidas difícil de romper.
Portanto, antes de dividir pagamentos, reflita sobre suas prioridades, avalie custos reais e siga estratégias para um consumo consciente e saudável. Dessa forma, o parcelamento deixa de ser uma cilada e passa a ser uma ferramenta de equilíbrio e bem-estar financeiro.
Referências